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    Para especialistas, saúde vai ser o grande tema da disputa eleitoral

     

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    Segurança e transporte público também terão papel importante na campanha. Outra aposta são os temas de fundo moral, como a liberação do aborto e da maconha

    Saúde, segurança e transporte público. Esses três temas deverão marcar as eleições de outubro – quando os brasileiros vão às urnas para escolher presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Mas não fica só nisso: educação, habitação, economia, obras e temas relativos à moral – como aborto e liberação da maconha – também devem entrar na pauta eleitoral.

    A Gazeta do Povo ouviu especialistas e elencou quais são as apostas de assuntos que irão dominar a campanha. Em primeiro lugar na opinião deles aparece a saúde, área responsável pelo maior descontentamento da população. Segundo pesquisa divulgada em setembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 77% dos brasileiros desaprovam as políticas e ações dos governos no setor.

    “A eleição será pautada pela saúde pública. Na eleição passada foi a segurança, mas houve investimentos federais e estaduais; os governantes têm o que falar. Mas a saúde está um caos. As pessoas estão com medo de ficar doentes”, diz o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

    O cientista político e professor da UFPR Ricardo Oliveira lembra que a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, tem o progama Mais Médicos como grande trunfo na área. “A saúde é um tema que vem pesando bastante, desde as eleições municipais. É um tema forte. E governo federal vem agindo com o programa Mais Médicos”, afirma.

    Depois de ser muito criticado, o Mais Médicos caiu nas graças da população – em novembro do ano passado, 84,3% dos brasileiros diziam aprovar o programa, de acordo com levantamento encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

    Segurança e mobilidade

    Outro tema delicado é a segurança pública – o país voltou a ter mais de 50 mil homicídios no ano passado, além de mais de 50 mil casos de estupro. O assunto, no entanto, tende a ser pulverizado, já que a segurança é de responsabilidade dos estados. “Talvez o [governador] Beto Richa tente se concentrar um pouco na segurança, é uma área em que ele investiu mais”, afirma o professor de Ciência Política da Uninter Luiz Domingos Costa, prevendo uma polarização entre o candidato do PSDB e a petista Gleisi Hoffmann, que deverá disputar o governo do Paraná. “A Gleisi vai apostar na mobilidade e talvez na saúde, que é o ponto fraco dele [Richa].”

    O cientista político Ricardo Oliveira aposta que a segurança vai aparecer na campanha em temas correlatos. “Deve aparecer temas como narcotráfico, contrabando e violência nas grandes áreas metropolitanas, mas tudo tende a ser distribuído entre o governo federal e os governos estaduais. No Paraná o tema deve ser debatido, pois o estado vive uma crise no setor.”

    A mobilidade urbana também deverá estar no centro dos debates. O tema foi o estopim dos protestos de junho. “Tarifa de ônibus e sistemas de transporte serão mais discutidas nas grandes cidades. Nas pequenas, isso não é um assunto tão intenso”, afirma Murilo Hidalgo.

    Denúncias de corrupção têm peso menor nas eleições

    Temas eminentemente políticos costumam ter um peso menor na conquista dos votos. A corrupção é um deles. O ex-presidente Lula, por exemplo, conseguiu se reeleger em 2006 após o escândalo do mensalão vir à tona. De maneira geral, o eleitorado tem uma percepção de que sempre haverá corrupção na política. “Um tema que não desperta muita atenção é a corrupção”, diz Ricardo Oliveira, cientista político e professor da UFPR. “O eleitor tende a ver todos os candidatos e partidos com certo envolvimento em algumas denúncias.”

    Já o cientista político Luiz Domingos Costa, da Uninter, aposta que um assunto gerencial pode ser uma pedra no sapato do governador Beto Richa. Ele avalia que o grande número de ocupantes de cargos comissionados no governo estadual – 6,4 mil – pode prejudicá-lo, pois uma de suas promessas em 2010 era reduzir a máquina estatal. Ele chegou a afirmar que não iria “aparelhar o estado” com a “companheirada”, em clara referência ao PT.

    Economia

    Para especialistas, as questões econômicas devem pesar menos durante a campanha, já que a taxa de desemprego é baixa e o eleitor ainda não sente o peso da inflação no bolso. “Inflação e taxas de juros não é uma coisa que está no dia a dia das pessoas”, afirma Murilo Hidalgo, do Instituto Paraná Pesquisas.

    Luiz Domingos Costa avalia que o eleitorado não tem a mesma percepção dos analistas e da imprensa. “A cobertura da economia é meio enviesada, catastrófica. De maneira geral a economia não está mal, as pessoas não sentem. Tem o PIB e a inflação, mas as pessoas não perderam poder de compra. Não está as mil maravilhas, mas não está nessa situação tão ruim.”

    Agenda pública

    Confira quais devem ser os principais temas da campanha eleitoral deste ano para governador e presidente da República:

    Saúde

    É a área mais criticada pela população. Segundo pesquisa de setembro encomendada pela CNI, 77% dos entrevistados desaprovam as ações dos governos no setor. Com isso, o tema deve estar no centro das atenções dos candidatos e de suas equipes. O governo federal tentou dar uma resposta com o programa Mais Médicos.

    Habitação

    O programa Minha Casa Minha Vida é outro trunfo da presidente Dilma Rousseff para as eleições deste ano, que pode ajudar a esvaziar o discurso da oposição em relação à habitação. Segundo a Caixa Econômica Federal, foram entregues 1 milhão de moradias entre 2009 e 2011. Entre 2012 e 2014, a meta era de 2 milhões de moradias (1,3 milhão foram entregues até agosto do ano passado, segundo o governo federal). Estudo do Ministério das Cidades divulgado no fim de 2011, no entanto, mostrava que a meta do governo era zerar o déficit habitacional somente em 2023. Prepare-se para ouvir discursos sobre a necessidade de “parcerias” entre os governos federal e estadual.

    Economia

    A discussão sobre macroeconomia costuma ser evitada numa campanha devido à complexidade do tema. Mas o nível de emprego e renda e a inflação pesam no bolso. E são facilmente compreensíveis pela população. Se os indicadores estiverem ruins, os governantes que tentam a reeleição têm mais dificuldades. Mas, por enquanto, a taxa de ocupação no país é alta e há crédito para o consumidor, embora o PIB esteja fraco.

    Mobilidade urbana

    A mobilidade urbana esteve no centro dos protestos pelo país em junho e deve ser um dos principais temas da campanha. Após os protestos, governo federal, governos estaduais e prefeitos tentaram dar uma resposta reduzindo o valor das passagens do transporte coletivo. Mas foi pouco: os valores ainda são considerados altos pela população, a qualidade é baixa e os governantes se veem amarrados a contratos que mantêm os altos custos e uma produtividade baixa.

    Segurança

    O país tem em média 50 mil homicídios e 50 mil estupros por ano, mas a temática da segurança pública tende a ficar limitada às disputas nos estados, já que a maior parte da responsabilidade fica com os governos estaduais. O tema deve aparecer na disputa pelo Palácio Iguaçu. As Unidades Paraná Seguro (UPSs) foram uma aposta do governo do estado. Mas, apesar da queda nos índices de homicídio, a sensação da população ainda é de insegurança.

    Educação

    O tema sempre é recorrente nas campanhas. No ano passado, o Congresso e o governo federal tentaram dar uma resposta às manifestações de junho destinando 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. Mas o grosso dos investimentos só deve sair do papel em uma década, o que abre a possibilidade para candidatos que se comprometam com mudanças mais rápidas. É provável que haja mais promessas de escolas em tempo integral e mais vagas em creches.

    Aborto e maconha

    O aborto gerou um intenso debate na eleição de 2010: os candidatos questionavam a posição de Dilma Rousseff, a respeito do tema. Como a agenda avançou pouco durante o governo do PT, o tema não deverá ter o mesmo peso neste ano. A ausência da ex-senadora Marina Silva como candidata à Presidência também pode ajudar a esvaziar o debate sobre assuntos de fundo moral, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas um tema que pode ser debatido é a legalização da maconha, principalmente depois que o Uruguai liberou o uso da droga.

    Obras

    O governo federal exaltará os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já a oposição fará de tudo para mostrar obras paradas ou com suspeita de superfaturamento. A forma de tratar do tema, no entanto, dependerá das obras para a Copa e do sucesso do Mundial. Problemas estruturais e grandes atrasos em obras significativas fatalmente serão usados pela oposição. Se tudo correr bem na Copa, será mais um trunfo para a candidatura governista.

    Fonte: Gazeta do Povo

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