Filiada à:
CTB FSM Contricom UITBB FLEMACON DIEESE
71
3321.3909

Destaques do dia

    A política do governo Temer pode levar o Brasil a um novo apagão

    Há uma crise do setor elétrico no radar, causada pelas distorções do modelo mercantil adotado em 1995, que será agravada com a reforma proposta pelo governo Temer e pela privatização da Eletrobras. A trajetória, que aponta para a nova crise, parece repetir os mesmo erros que nos levaram ao apagão de 2001. Assim como na crise anterior, o governo pretende impor as privatizações antes mesmo de discutir e definir o novo modelo do setor elétrico.

    A preparação da nova crise também contém, assim como a anterior, elementos de erros de planejamento dos governos, de má gestão do setor (inclusive ONS e Aneel) e um período de seca. O mais preocupante, todavia, é que as atuais propostas do governo, ao invés de apontarem para solução da crise, devem agravar os problemas enfrentados hoje pelo setor elétrico brasileiro.

    Especialistas do setor têm recorrentemente advertido o governo para os claros sinais de iminência de uma nova crise, que já afeta o preço da energia, e que deve se agravar a menos que o governo planeje manter os baixíssimos índices de crescimento da economia por um longuíssimo tempo.

    A ausência da oferta de energia ainda ampliaria o espaço para especuladores e atravessadores ganharem muito dinheiro no cenário de escassez. Mas o problema vai muito além. Isto porque este cenário que se desenha à frente, com a privatização e a interrupção total de novos investimentos pela Eletrobras, coloca em risco o abastecimento de energia do País e, assim, seu desenvolvimento econômico.

    Os dados do início de novembro de 2017 mostram que o estoque de água armazenada na Região Sudeste, que corresponde a 70% da capacidade nacional de acumulação, estava em apenas 17,7% de seu total no início de novembro. A Região Nordeste, que corresponde a 17,8% do estoque nacional, estava com apenas 6% de água acumulada.

    Os estoques das demais regiões – com exceção da Região Sul – também estavam em queda. Os reservatórios apresentaram recentemente uma leve recuperação, mas nada tranquilizador. Um indicador da gravidade da situação é a quantidade de energia armazenada dividida pelo consumo de cada mês, que permite visualizar quantos meses sem chuva nós conseguiríamos suportar. É o que podemos chamar de “poupança de energia”.

    Entre 2003 e 2012, a energia armazenada correspondia a algo entre 3 e 4 meses de poupança. Em dezembro de 2016, voltamos aos patamares do período pré-crise 2001, quando tínhamos armazenados aproximadamente 1,5 meses de consumo apenas.

    As coincidências com o período do apagão não param por aí. Os erros de planejamento no setor elétrico, a condução da política energética guiada pelos interesses do setor financeiro, o sucateamento das empresas públicas, a redução dos investimentos estatais, a intenção de alterar o marco regulatório do setor às pressas e sem o devido debate com sociedade e a coalização de interesses privatistas no Congresso são algumas das semelhanças mais gritantes. Estamos, portanto, assistindo ao mesmo filme dos anos 1990, só que desta vez o ritmo está muito mais acelerado.

    Fonte: Vermelho

     

< Voltar